Quando não havia internet, nós, as pessoas que viviam e respiravam para a música, tínhamos que nos orientar da melhor maneira possível para saber novidades e para obter os tão desejados posters ou as tão desejadas fotos (para colar em dossiers, cadernos, paredes e roupeiros) dos nossos ídolos. Resumia-se ao jornal Blitz, à revista Bravo, que era vendida ÚNICA E EXCLUSIVAMENTE em alemão!!!) e à MTV (que só havia por satélite). Ou seja, obter informações era uma tarefa complicada para umas jovens como nós (falo de mim e da Child of the 90's), mas nunca impossível!
Quanto ao Blitz, havia nas bancas, portanto o acesso era bastante simples e prático. Os conteúdos eram maravilhosos da 1ª à última página e era com este jornal (sim, na altura era um jornal e não uma revista como é actualmente) que seguíamos semanalmente toda a cena musical nacional e internacional. A Bravo, tinha muitos posters, entrevistas e artigos muito fixes, tendo "apenas" o handicap de ser tudo em alemão, o que significava horas de tradução das coisas que realmente nos interessavam. Era andar com o mini dicionário de português/alemão e ter muita dedicação às nossas bandas favoritas (a paciência senhores.... a paciência...). Tirando estas duas publicações, que já nos enchiam as medidas, tínhamos de vez em quando a muy cara Kerrang, que nos presenteava com notícias bem jeitosas.
Em relação à MTV só a Child of the 90's é que possuía esse tão desejado canal, que na altura era verdadeiramente um canal sobre (pasme-se): música! Assim na loucura... Dava fins-de-semana dedicados a um só artista e/ou banda (que chegámos a gravar para ver e rever vezes sem conta), tinha entrevistas e reportagens espectaculares, era tudo o que um canal de música deveria ser, valha-me Deus.
Piratear música? Só mesmo de cd para cassete, o que significava que tínhamos mesmo de comprar os cds (que doideira!) na grande maioria das vezes. Nós as duas tínhamos a sorte de ter uma loja de música na Graça, a famosa Papasom, que tinha sempre tudo, ainda quentinho, acabadinho de sair. Quando queríamos raridades, rumávamos à Carbono, na Almirante Reis.
Eram definitivamente tempos bastante diferentes, em que não tínhamos tudo de mão beijada e tínhamos que andar a correr atrás das notícias e dos posters dos nossos amados ídolos! Ao encontrá-los, tinha tudo um outro sabor. Digo eu, que agora para se saber alguma coisa, basta vir à net e pronto. Fruto da evolução eu sei, mas não deixo de ter saudades de andar à procura de um CD ou de uma revista por esta Lisboa fora! Acontecia magia!