sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Parvalhona

Realmente há pessoas que vivem muito fora da realidade... Vejam este artigo da Isabel Stilwell:

"Acho parvo o refrão da música dos Deolinda que diz «Eu fico a pensar, que mundo tão parvo, onde para ser escravo é preciso estudar». Porque se estudaram e são escravos, são parvos de facto. Parvos porque gastaram o dinheiro dos pais e o dos nossos impostos a estudar para não aprender nada.
Já que aprender, e aprender a um nível de ensino superior para mais, significa estar apto a reconhecer e a aproveitar os desafios e a ser capaz de dar a volta à vida.
Felizmente, os números indicam que a maioria dos licenciados não tem vontade nenhuma de andar por aí a cantarolar esta música, pela simples razão de que ganham duas vezes mais do que a média, e 80% mais do que quem tem o ensino secundário ou um curso profissional.
É claro que os jovens tiveram azar no momento em que chegaram à idade do primeiro emprego. Mas o que cantariam os pais que foram para a guerra do Ultramar na idade deles? A verdade é que a crise afecta-nos a todos e não foi inventada «para os tramar», como egocentricamente podem julgar, por isso deixem lá o papel de vítimas, que não leva a lado nenhum.
Só falta imaginarem que os recibos verdes e os contratos a termo foram criados especificamente para os escravizar, e não resultam do caos económico com que as empresas se debatem e de leis de trabalho que se viraram contra os trabalhadores.
Empolgados com o novo ‘hino’, agora propõem manifestar-se na rua, com o propósito de ‘dizer basta’. Parecem não perceber que só há uma maneira de dizer basta: passando activamente a ser parte da solução. Acreditem que estamos à espera que apliquem o que aprenderam para encontrar a saída. Bem precisamos dela."

Ora bem, apanhei este texto através do FB, onde um rapaz escreveu uma resposta fabulosa às barbaridades que esta senhora transmite. Nesse seguimento, também quero deixar o meu testemunho: tal como este rapaz, também eu tirei a licenciatura às minhas custas, e não foi pêra doce, sem ajudas dos meus pais, que infelizmente não me podiam pagar o curso; também eu trabalhei e estudei ao mesmo tempo, tendo uma casa para cuidar, sempre com o pensamento no futuro "Isto vai compensar mais tarde, vou arranjar um bom emprego e tudo isto vai valer a pena.". Hoje em dia, já passei por muita porcaria no trabalho, inclusivamente estar a trabalhar sem receber, e agora trabalho num sítio que não tem nada a ver com o meu curso, mas que me dá o ordenado certinho ao fim do mês e é estável. E agora? Procurar trabalho na minha área?! A ganhar ainda menos do que ganho agora e onde me dão contratos de 6 meses e "depois logo se vê?"? Não quero. E também não tenho cunha, so why bother? Tenho medo de arriscar outra vez e acontecer-me o mesmo que me aconteceu, estar a trabalhar sem receber e a continuarem a exigir e depois "adeus até à próxima e qualquer dia pagamos". Com quase 30 anos, ter medo de arriscar? É triste, mas é a realidade em que vivemos actualmente. Mais vale um pássaro na mão, do que dois a voar, já dizia a minha avó. De momento, tenho uma licenciatura que  me vale de valorização pessoal. Se me arrependo de a ter tirado? Não. Tirei-a com muito esforço e sinto-me orgulhosa disso. Tenho pena é de não a poder pôr em prática a 100%. E eu que gostava tanto de escrever para ganhar a vida, de certeza que faria muito melhor figura que esta tia idiota que nem sabe do que está para aqui a falar.

1 comentário:

Suz disse...

As tias vivem no mundinho delas, faz-lhes muita confusão a so called realidade